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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Três anos de Ateliê


      
         Há três anos atrás, no mês de outubro, resolvi fazer um presente para dar a uma senhora, amiga da família de longa data. Como era uma data importante e minha grana estava curta, achei que algo feito por mim teria sentido especial e eu não gastaria muito. Pensei que algo “simples”, um jogo americano, afinal, um retângulo para uma arquiteta, qual seria a dificuldade, costurar? Bom, eu nunca tinha costurado nada antes, mas confesso que sempre me chamou a atenção. Então, recorri a internet e comprei uma máquina de costura portátil, de plástico, do tamanho de uma caneca. Comprei tecido e fui fazer o tal jogo americano. A máquina de costura parecia um brinquedo, com uma mão eu segurava o botão que a mantinha costurando e com a outra segurava o tecido para seguir reto. O que obviamente não acontecia. Nesse meio tempo, já não bastasse o desafio de costurar, resolvi por viés para dar acabamento. Olhei aquela fita, olhei um jogo americano que eu tinha e definitivamente não consegui estabelecer uma conexão. 
O tempo passou, dei o presente para minha amiga, que ficou orgulhosa do que eu tinha feito, mesmo sem o viés, torto e em número ímpar (só consegui fazer 3 peças, não deu tempo de terminar). Fiquei tão empolgada de ter feito o jogo americano, que meu marido resolveu me presentear com uma máquina de costura de verdade. Ela era linda, com vários pontos e recursos, cortava e colocava agulha sozinha, um escândalo perto daquela primeira. 
Com minha máquina nova, me encorajei a ir a uma loja de patch. Eu olhava os tecidos e pensava: não é para mim, nem sei costurar. Mas babava em cada estampa, em cada cantinho daquele mundo novo para mim.Vi peças muito bonitas e me encantei com os jogos americanos em formato de maçã. Resolvi participar de uma oficina, minha primeira aula de patchwork. Foi um sonho, os aprendizados, os tecidos e a peça que consegui fazer e que ainda tenho com muito orgulho, uma lixeirinha de carro. A partir desse dia uma nova paixão aconteceu na minha vida. Passei a comprar muitos tecidos, quase um vício. Descobri o que era plumante acrílico, que a manta acrílica tinha cola de um dos lados, que tecido bom para patchwork se chamava tricoline e meu escritório de arquitetura cada vez perdia mais espaço nas prateleiras para meus tecidos, fitas e botões.
        Passei a ler  blogs sobre o assunto, visitar feiras em busca de novidades e fazer mais aulas, o que me fazia querer evoluir cada vez mais no artesanato. Desde então, comecei a receber encomendas das minhas amigas e vender minhas peças. 
Meu conceito de trabalho e diversão passou a ser muito próximo. Aprendi muito mais que patchwork, aprendi como detalhes fazem diferença em um negócio, ajudam na organização e na administração de recursos. Aprendi como é bom receber um pedido na loja virtual, torcer para ele chegar e rezar para receber uma avaliação positiva. Por sorte sempre foi assim, é um orgulho.
Nesses três anos de Ateliê, descobri um hobby que mudou minha rotina, fiz um blog, criei uma loja virtual, participei de alguns bazares caseiros e ganhei a confiança de clientes que sempre me prestigiam. Tenho ainda muito a aprender, sempre haverá. Mas meu objetivo é apenas fazer o que gosto sem maiores pretensões. 
A arquitetura segue, afinal, o primeiro amor é eterno e ajuda a pagar as contas...rsrs...diria ainda, que o ponto alto dos meus produtos, sempre citados em avaliações, é o acabamento e isso certamente vem da arquitetura. Mesmo em curvas e assimetrias é necessário precisão.   
Essa é a história do Ateliê, um mimo de trabalho, que a cada ano se renova e me enche de satisfação.



Imagem: http://patchworkagulhaselinhas.blogspot.com.br/2010/05/huuum-delicias-em-patchwork.html

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